Dói-me os olhos...cobertos de vermelho por um ardor de tanto não chorar...
Penso que pouco passaram das quatro, sinto o rosto sujo...cuspo nas minhas mão encardidas para tentar limpa-lo, noite quente de verão que me inunda de um arrepio frio em estrondos de silencio...
Aqui pernoito pela 4 vez consecutiva, encostado a uma paragem de autocarro, próximo, a porta do prédio N 33 onde a 4 noites entra um corpo alucinante sempre embriagado...um carro aproxima-se e para, é ela novamente, o carro é diferente dos 3 das noites anteriores tal como o tipo odioso que a transporta, ultimo beijo e sorriso...sai do carro. Espero pela 4 vez pelo passo corrido de medo ao pressentir-me, um gesto que me preenche a noite me faz sentir importante porque não lhe sou indiferente, ela teme-me..
Hoje, os saltos altos batem na calçada sempre no mesmo ritmo calmo, dou um murro no vidro da paragem para ela se lembra que estou lá...fica indiferente, continua calma, a revolta toma conta de mim.. levanto-me e grito: “ Sua puta Burguesa!” Ela para.. olha-me de frente e explode numa gargalhada...seguindo no seu passo calmo.
Dói-me os olhos mais, de tanto não chorar.
28 de setembro de 2003
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